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Saúde: Por que ir ao trabalho doente não faz mal só para você

Saúde: Por que ir ao trabalho doente não faz mal só para você

15/11/2016 às 11h21 Atualizada em 15/11/2016 às 13h21
Por: Ricardo de Freitas
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Foto: Reprodução
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O direito de faltar ao trabalho por razões médicas sem ter o salário descontado, seja por consulta ou convalescência, é garantido no Brasil desde 1943 pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), desde que seja apresentado um atestado.

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Porém, apenas cerca de 60% dos trabalhadores na iniciativa privada têm carteira de trabalho assinada no país, ou seja, têm acesso pleno aos direitos previstos na CLT. Essas pessoas têm uma probabilidade menor de faltar ao trabalho quando estão doentes, já que têm uma situação de emprego menos estável. Somente a CLT também não garante, na prática, a falta em dia de doença. É comum que mesmo trabalhadores registrados continuem a comparecer quando doentes com o temor de causar uma má impressão que possa atrasar a progressão na carreira, ou mesmo de entrar para a próxima lista de demissão. Diversos estudos indicam que essa prática - de aparecer para trabalhar mesmo doente - é danosa não só para o funcionário, mas também para a empresa. Além de potencializar os danos à saúde, ela expõe colegas a contágio e reduz a produtividade. Saúde piora no longo prazo Um termo chave encontrado em estudos sobre trabalhadores que não deixam de ir ao trabalho, mesmo quando doentes, é “presenteísmo”, que quer dizer estar no trabalho fisicamente, mas com baixa produtividade, no caso devido a problemas de saúde seus ou de familiares, por exemplo. A questão é especialmente premente nos EUA, onde a licença por adoecimento não é um direito que abrange todos os trabalhadores, mas varia de acordo com legislações estaduais e municipais. Por esse motivo, a questão está em pauta no país. Publicado em 2016, o estudo “Trabalhadores sem licença remunerada por problemas de saúde têm uma propensão menor de tomar tempo para cuidar de doenças ou lesões comparados com aqueles que têm licença remunerada”, acompanhou 10.586 adultos. Ele concluiu que “cuidados necessários têm uma tendência três vezes maior de serem atrasados ou completamente ignorados por causa do custo para um trabalhador adulto que não tem o direito à licença remunerada por adoecimento”. Presenteísmo e infarto O trabalhador não deixa de ir ao trabalho só quando está doente. Ele também tem uma tendência menor de procurar um médico quando não apresenta nenhum problema imediato, mas deseja prevenir doenças. Publicada em 2005 na “Revista Americana de Saúde Pública”, a pesquisa “Trabalhar enquanto doente como um fator de risco sério para eventos coronários” acompanhou por três anos 5.071 servidores públicos britânicos que nunca tinham infartado. Uma parcela de 17% ficou doente e não deixou de ir ao trabalho. A incidência de casos de infarto do miocárdio, fatal ou não fatal após os três anos de estudo, foi o dobro daquela dos funcionários que ficaram em casa para se tratar. A conclusão foi de que “empregadores e funcionários têm que estar cientes dos efeitos potencialmente danosos causados pelo presenteísmo enquanto estão doentes”. O impacto na saúde dos outros Publicado em agosto de 2016 na página do Escritório Nacional de Pesquisa Científica dos Estados Unidos, a versão preliminar do estudo “Prós e contras de modelos de remuneração para funcionários doentes”, em uma tradução livre, sugere que a propagação de doenças tende a ganhar um ritmo mais lento nos locais em que o direito à licença remunerada é concedido - e consequentemente há mais chance de o funcionário ficar em casa quando está doente. Para chegar a essas conclusões, utilizaram como base dados do Google Flu Trends, uma ferramenta on-line que agregava dados de buscas relacionadas a gripe para acompanhar a forma como a doença se espalhava. A conclusão foi de que as taxas de doenças tidas como gripe decaía nos locais em que trabalhadores ganhavam acesso ao direito a licença remunerada por doença. Publicado em janeiro de 2010 na revista do Instituto para Pesquisas em Políticas Públicas para Mulheres, o estudo “Doente no trabalho: funcionários empregados no local de trabalho durante a epidemia de H1N1” utilizou a base de dados do governo para afirmar que, entre os 26 milhões de americanos com mais de 18 anos que foram infectados com o vírus da gripe H1N1, 8 milhões trabalharam normalmente e, com isso, podem ter infectado cerca de 7 milhões de outros trabalhadores. Tempo perdido Publicado em agosto de 2005, o estudo “Saúde e produtividade entre trabalhadores dos Estados Unidos” analisou dados coletados pela pesquisa do “Commonwealth Fund” com base em dados de seguros de saúde. A instituição busca melhorar o acesso à saúde nos Estados Unidos. De acordo com o trabalho, 69 milhões de trabalhadores americanos reportaram ter perdido dias de trabalho devido a adoecimento. No total, isso representa 407 milhões de dias de trabalho perdidos. Além disso, 55 milhões de trabalhadores disseram ter vivido momentos em que eram incapazes de se concentrar no trabalho por causa de suas próprias doenças ou a de membros de suas famílias. O que totaliza outros 478 milhões de dias. Ao todo, o tempo perdido devido a motivos de saúde soma US$ 260 bilhões de dólares por ano, sendo que uma grande parcela se deve a funcionários que foram trabalhar quando não estavam em condições de fazê-lo. Via Nexo
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