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Artigo: Escritório contábil: um dos melhores (e piores) negócios hoje no Brasil

Artigo: Escritório contábil: um dos melhores (e piores) negócios hoje no Brasil

09/11/2015 às 09h56
Por: jornalcontabil
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Foto: Reprodução
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Dizem que o melhor negócio do mundo é um banco bem administrado, e o segundo, um banco mal administrado. Pois não podemos dizer a mesma coisa de um escritório contábil. Neste caso, um dos melhores negócios atualmente no Brasil é um escritório contábil bem administrado. E um dos piores, um escritório contábil mal administrado. Obviamente, esta afirmação parte do pressuposto de que a organização contábil seja bem administrada e tenha como norteador um bom planejamento estratégico. Da mesma forma, posso garantir que será um dos piores negócios se for mal gerido. A constatação acima se materializou após uma análise sem muito esforço, visto que a experiência neste mercado mostra que hoje o cenário se tornou ainda mais favorável ao aumento da demanda por serviços contábeis. A pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) revela que somos o primeiro colocado no ranking mundial de empreendedorismo, com 45 milhões de brasileiros envolvidos com alguma atividade empresarial. Temos mais de 9 milhões de empresas legalmente constituídas. Por outro lado, o Índice Global de Empreendedorismo (GEI) detectou que nosso país ocupa a 100ª posição em uma classificação de 130 nações. Dentre os 14 pilares do empreendedorismo avaliados para qualificar a nota destacam-se cinco em que vamos muito mal: internacionalização, capital humano, inovação em processos, inovação em produtos e uso de tecnologia. Para completar a análise do mercado, temos ainda a introdução gradual das tecnologias tributárias, que ganha velocidade com a criação do Sistema Público de Escrituração Digital (Sped) a partir da metade da primeira década do século 21. O Sped é uma forma eletrônica encontrada pelo governo federal para obter informações das empresas. A administração pública quer saber como são feitas nossas compras – de quem compramos, quanto compramos e pagamos, quais os itens e quantidades e os tributos envolvidos. O governo quer também saber como vendemos, para quem, por qual valor, quantidades e impostos. Ao mesmo tempo, pede informações detalhadas sobre estoques, item a item, quantidades e valores. As empresas também são obrigadas a informar pagamentos, recebimentos, custos, folha de pagamentos e a memória de cálculo da apuração de cada tributo. O governo recebe esses dados em arquivos digitais padronizados, com validade jurídica, compondo uma verdadeira sopa de letrinhas: EFD-ICMS/IPI, EFD-Contribuições, ECD, ECF (que não é o ECF do Cupom Fiscal), NF-e, NFS-e, NFC-e, MDF-e, CT-e, entre outros. As informações destes arquivos dependem de uma boa administração empresarial. Sem gestão e controle de compras, vendas, produção, estoques e RH não é possível nem pensar em Sped. Mais ainda, é imprescindível o uso de sistemas informatizados para apoio à gestão. Sem esses recursos, o custo e o risco de gerenciar tais informações tornam-se impraticáveis. Por fim, a relação entre empresas e escritórios contábeis que as atendem precisa de agilidade e confiabilidade, que também só podem ser garantidas por meio do uso de tecnologia da informação. Assim, há oportunidades claras para inovação em serviços e processos que integrem as informações empresariais, contábeis, fiscais e trabalhistas, além de soluções que apoiem as empresas na busca da excelência gerencial. Em outro aspecto, o contexto operacional tributário e trabalhista das empresas brasileiras é o mais complexo do mundo. Temos 47 alterações diárias na legislação tributária. Criamos um sistema que congrega 11 milhões de combinações e regras para calcular os impostos. Cada estado tem as próprias normas regulamentares para o ICMS. Cada município também adota regras diferentes para o ISS. E só em atuações tributárias federais, tivemos no ano passado o volume de R$ 140 bilhões. Tudo isso compõe um risco operacional que gera custos e riscos para escritórios contábeis e empresas. Dado todo este panorama, imagine uma organização contábil que atenda qualquer tipo de cliente. O custo de treinamento de seus funcionários será infinito. Entender a legislação tributária e trabalhista de todos os setores econômicos, em todos os regimes tributários, é uma tarefa cara e que precisa ser atualizada periodicamente. Imagine ainda que este escritório digite toda a movimentação financeira, contábil e fiscal de seus clientes! Quanto desperdício de tempo e quanto risco há neste processo manual? Mesmo que ele resolva integrar seus sistemas aos dos clientes, o custo do desenvolvimento e da manutenção destas conexões também não é pequeno. Assim, a cada novo cliente que este escritório busca atender será gerada uma receita marginal pequena e um custo marginal enorme. Por isso, uma empresa contábil sem rigorosos processos organizacionais definidos e controlados, e sem uma boa estratégia para criação de modelos de negócios adequados a cada nicho de mercado atendido, torna-se o pior negócio do Brasil. Não atende bem os clientes, não gera retorno aos sócios e cria grandes riscos para ambos. Por outro lado, quando o empresário contábil se esforça para aprender técnicas de administração e planejamento, ele produz modelos de negócios que maximizam o atendimento e as receitas, racionalizam os custos e os riscos. A partir do uso intensivo de tecnologia é possível inovar em serviços e processos. Isso cria um ciclo virtuoso, gerando fidelização de clientes, valorização dos serviços contábeis e criação de novos negócios. O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas. O insatisfeito que só reclama e nada faz para mudar, não é empreendedor de verdade. A atitude empreendedora transforma os problemas em oportunidades e cria inovações para atender melhor os clientes e lidar positivamente com os fornecedores. Entretanto, parte significativa dos empresários contábeis não é formada por empreendedores. Em principio, não há mal algum nisso, pois ninguém nasce sabendo. O problema é não saber e não querer saber. Muitos donos de escritórios contábeis dedicam-se exclusivamente às atividades operacionais e buscam somente o conhecimento operacional. Com isso, tornam-se empregados da própria empresa, muitas vezes sem nem mesmo direito a férias. Tornar-se empreendedor é uma tarefa longa e árdua. Exige tanta disciplina e estudo quanto para se tornar um bom profissional da contabilidade. Se você quer mesmo ser empresário neste setor, dedique boa parte do seu tempo e dinheiro para aprender a empreender. É essencial. (*) Roberto Dias Duarte é sócio e presidente do Conselho de Administração da NTW Franchising, primeira franquia contábil do país.
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