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Como a desburocratização no tratamento no Executivo pode causar ruídos no Judiciário e Legislativo

Como a desburocratização no tratamento no Executivo pode causar ruídos no Judiciário e Legislativo

20/04/2019 às 10h46 Atualizada em 20/04/2019 às 13h46
Por: Vanessa Marques
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Foto: Reprodução
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Autor dos livros "A nova ortografia da língua portuguesa" e "Na ponta da língua", Carlos André comenta o Decreto que proíbe 'Vossa Excelência' em Comunicação do Governo

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O principal objetivo do decreto assinado, no último dia 11, pelo Presidente Jair Bolsonaro que proíbe o uso de pronomes de tratamento como "vossa excelência" na comunicação entre agentes públicos da administração federal é desburocratização. Em um país, como o Brasil, em que as burocracias são um entrave para o empreendedorismo e em que o cidadão não se sente representado dignamente pelo Poder Público, o Decreto tende a ser um alento. Ele é, porém, "perigoso", pois toca em um ponto sensível: a tradição. 

"A utilização de pronome de tratamento possui tradição lusitana e é comum entre os europeus. O pronome possui a lógica da impessoalidade e seu objetivo é que se despersonalize alguém e confira-lhe a função de representante do Estado. O tratamento 'Excelentíssimo' para presidente da república é, ao ver da maioria dos servidores públicos, adequado e lógico. A retirada abrupta causará muita estranheza, e implicará certo 'sofrimento' em razão da necessidade de respeito às hierarquias", afirma Carlos André, que representa a OAB Nacional no Senado da República no Acordo Ortográfico, e é Professor de Língua Portuguesa e de Redação Jurídica.

O Judiciário, que também usa o Manual da Presidência, não foi incluído na nossa regra, ou seja, continuará a seguir os pronomes indicados pelo próprio Manual e pelos manuais específicos de alguns Tribunais (caso do Manual do TST). "Os pronomes de tratamento são marca muito consolidada no Poder Judiciária. A tradição hierárquica deve manter-se internamento, tendo-se em vista que não se trata de 'Poder Popular' e por possuir uma liturgia diferente dos demais poderes. Isso não significa, porém, burocratização. Ao contrário. Isso indica imparcialidade, que é a essência do Judiciário", explica. 

No entanto, o ato "popular" do presidente, deve gerar certa confusão ou estranhamento em eventos que unam todos os poderes, por exemplo. Como exemplifica Carlos André: "Imagine um ato onde temos o Excelentíssimo Governador, o Excelentíssimo Juiz e o Senhor Presidente. O uso dos pronomes e a 'informalidade' em relação ao cargo maior do país, sem dúvidas, deixa causar um certo constrangimento no início, pelo menos até isso se torna um costume".

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História dos Pronomes

No Brasil, as instruções sobre pronomes de tratamento iniciaram-se no século XIX, ganharam força ao início do século XX, mas o Manual de Redação da Presidência, em 1992, inaugurou, de fato, a oficialização do uso dos pronomes. 

Criado para instruir a todos sobre a comunicação oficial da Administração Pública na União, o Manual da Presidência é importante porque serve de base para todos os outros Manuais (os dos Estados e dos Municípios, por exemplo).

Carlos André: O autor dos livros "A nova ortografia da língua portuguesa" e "Na ponta da língua", Carlos André representa a OAB Nacional no Senado da República no Acordo Ortográfico, e é Professor de Língua Portuguesa e de Redação Jurídica.

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