Como estimular a união entre funcionários que trabalham a distância

Passado mais de um ano do anúncio oficial da pandemia de Covid-19, o futuro do trabalho se mostra como o segundo assunto mais falado seguido do vírus.

Os modelos de negócio e fluxos de trabalho tiveram de se adaptar repentinamente sem preparo prévio e, encadeado por esses novos processos, o desejo, comportamento e necessidades dos colaboradores também apresentaram mudanças significativas.

Um estudo da WeWork e da WorkPlace Intelligence, empresa de consultoria de recursos humanos, feito nos Estados Unidos, indicou que 95% dos funcionários, em um cenário pós-pandêmico, desejam retornar às empresas em um modelo híbrido em que possam escolher trabalhar em casa, no escritório ou em qualquer outro ambiente que seja mais confortável para cada um.  

É inegável que o home office tem seus benefícios, como economizar tempo de deslocamento, passar mais tempo com a família, reduzir gastos, entre outros.

No entanto, em países onde a disseminação da Covid-19 está controlada, como na Austrália, já é possível observar um movimento claro de retorno aos escritórios, que estão com uma taxa de ocupação de 70% em cidades menos afetadas, similar ao período pré-pandêmico, segundo dados da Harvard Business Review. 

O ambiente do escritório, portanto, deixou de ser um lugar de presença obrigatória para toda e qualquer tarefa, para se tornar um espaço onde as pessoas querem estar algumas vezes na semana para trocas formais e informais, que levam à construção da identidade corporativa e a times azeitados, criativos e inovadores.  

É exatamente a perda do vínculo entre os colaboradores que tem sido um dos principais debates entre especialistas que discutem como resgatar o sentimento de pertencimento frente ao trabalho remoto. 

A WeWork, por ser uma empresa global presente em 38 países e com mais de 700 unidades espalhadas pelo mundo, já lidava com esse desafio antes mesmo do contexto atual bater à porta e foi capaz de acumular experiências em diversos países, o que nos ajudou a manter as nossas equipes unidas, independente do lugar que estivessem. 

Tendo essa bagagem, listei algumas das principais recomendações quanto ao modelo híbrido, que funcionaram na dinâmica de trabalho das equipes da WeWork: 

1. Marcar uma reunião curta é preferível a enviar um e-mail que leva 30 minutos para ser escrito e que nem todo mundo lê. O que puder ser feito para evitar o cansaço mental e estimular o engajamento dos colaboradores se tornou indispensável e, nesses casos, são os líderes que devem definir os novos padrões, dando o exemplo de como interagir nessa nova era. Reuniões rápidas podem incluir quem está dentro e fora do escritório, garantindo não apenas que todos estejam na mesma página, mas também que tenham um contato mais pessoal.  
2. É preciso planejar e pensar em novas tecnologias de videoconferência e conexão entre as equipes. Isso ajudará os colaboradores presenciais e remotos a se sentirem em igualdade de condições. Para tanto, gestores devem passar por treinamentos para evitar a tendência de dar aos trabalhadores no escritório tratamento preferencial. Isso se torna possível principalmente porque as empresas já contam com mais de um ano de experiência em trabalho remoto e idas e vindas ao escritório, o que garante bagagem suficiente para que criem políticas de qualidade e de longo prazo para o modelo híbrido.   
3. Ligar a câmera sempre que puder faz a diferença. Quando metade da equipe está no escritório e a outra está espalhada pelo mundo, o contato visual com colegas nos ajuda a lembrar que não estamos sozinhos e que trabalhamos em busca de um propósito coletivo. Isso abre espaço para que funcionários que estejam online se envolvam com o resto da equipe não apenas para interações que tratem de trabalho, mas também para trocas informais sobre os mais diversos assuntos: pets, crianças e o que mais fizer parte do cotidiano doméstico.  
4. Estamos a um clique de distância. Um ponto positivo do trabalho remoto, que é parte fundamental do modelo híbrido, é que todos têm exatamente a mesma oportunidade de estar em contato com a cultura da organização, pois estão no mesmo ecossistema online. Aproveite para se conectar com outros líderes, colegas e equipes com quem você não tinha a chance no modelo presencial e tradicional de se trabalhar.   
5. Programe eventos informais. Sabemos que, no cotidiano híbrido, nem todos estarão no escritório ao mesmo tempo ou nos mesmos dias e, por isso, nem sempre temos a chance de conversar sobre algo que não seja exclusivamente trabalho com os colegas. Promover happy hours e momentos descontraídos entre equipes, tanto no ambiente online quanto no presencial, estimula o senso de pertencimento e engajamento. É importante lembrar que funcionários que atuam em funções com propósito permanecem nas organizações onde trabalham por mais tempo. 

Não existe fórmula mágica para a adoção do modelo híbrido. Porém, é certo que, para o futuro do trabalho, um aspecto dele é unânime: a flexibilidade. 

Os espaços de trabalho seguirão essa tendência tanto em termos de contratos, que podem aumentar ou diminuir a qualquer momento, quanto em termos de versatilidade de ambientes. 

Dados da pesquisa da WeWork citada anteriormente comprovam que 75% dos funcionários renunciariam a pelo menos um benefício em troca da liberdade de escolher seu ambiente de trabalho.

Alcançar esse equilíbrio inteligente será fundamental para, inclusive, atrair e reter novos talentos e é nessa dualidade que as empresas devem encontrar a melhor fórmula para se adaptar às necessidades e preferências dos colaboradores. 

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