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De Brumadinho a Flamengo: 9 lições aprendidas sobre as tragédias de 2019

De Brumadinho a Flamengo: 9 lições aprendidas sobre as tragédias de 2019

11/03/2019 às 15h50 Atualizada em 11/03/2019 às 18h50
Por: Vanessa Marques
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Foto: Reprodução
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Alessandro Gratão Marques*

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Observando o triste momento que vivemos em nosso país envolvendo incidentes como a queda de helicóptero, incêndio em alojamento de crianças e queda de barragem, entre tantos outros não noticiados amplamente, mas que fazem parte do dia a dia, podemos observar alguns pontos em comum.

Na queda do helicóptero, que matou o notável jornalista Ricardo Boechat e o piloto Ronaldo Quatrucci, constatou-se que empresa dona da aeronave não tinha autorização para trafegar com a finalidade identificada no momento do acidente, apenas para "prestar Serviços Aéreos Especializados (SAE)", que incluem aerofotografia, aeroreportagem e aerofilmagem.

O alojamento dos meninos do Flamengo deveria ter sido interditado imediatamente quando foi constatado o descumprimento das normas de funcionamento e requerimentos exigidos pelo corpo de bombeiros.

Em Brumadinho, análises preliminares indicam que uma das prováveis causas do rompimento da barragem foi a ineficiência no tratamento dos riscos relacionados a liquefação.

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Analisando os pontos em comum, identifica-se que a falta ou ineficiência de fiscalização e auditorias, assim como os diagnósticos imprecisos, o não cumprimento de regras e a impunidade mediante o descumprimento destes mecanismos são aspectos relevantes que precisam ser tratados e levados em consideração como prioridade para evitar que novas tragédias ocorram em nosso país.

Por estes motivos, o Brasil é conhecido com um país onde existem leis que "pegam" e outras que não, o que se provou ser extremamente danoso. E nesse contexto, a conhecida e antiga máxima de que "prevenir é melhor que remediar" nunca foi tão atual.

Muitas vezes executivos, ainda que não mal-intencionados, assumem riscos de alto impacto frente a dilemas envolvendo pressões orçamentárias e margens de lucro, mesmo tendo plena consciência que a materialização destes riscos pode causar danos irreversíveis e afetar diretamente o principal bem intangível das empresas, sua imagem.

Depois de mais de 20 anos prestando serviços de consultoria e auditoria em entidades públicas e privadas, nota-se que alguns riscos não são gerenciados de forma adequada até que se materializem e, principalmente em momentos de crise e recessão, a implementação de soluções preventivas muitas vezes são procrastinadas ou mesmo nunca saem do papel em razão dos seus custos envolvidos.

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No entanto quando as consequências envolvem não só danos patrimoniais, mas também algo imensurável como vidas, esta equação realmente precisa ser revisitada e fica evidente que a relação custo versus benefício foi mal dimensionada.

Em meio ao doloroso momento que possamos, precisamos refletir e tirar algum proveito analisando os fatos e tomando ações efetivas nas esferas público e privada, na pessoa física e jurídica. Pois é certo que não conseguiremos evitar que todas futuras tragédias ocorram, mas não há dúvidas que podemos diminuí-las de forma significativa.

Observando estes eventos e buscando procurar ações que pessoas, empresas e setor público possam adotar, levando em consideração aqueles que inclusive observei que já dão certo, elenquei nove principais medidas a serem tomadas a partir das lições aprendidas com as recentes tragédias:

1) Ética e integridade não devem ser negociáveis. Sem exceções!;

2) Estabeleça um programa de gerenciamento de riscos e siga-o efetivamente, considerando a implementação e monitoramento de controles;

3) Elabore e divulgue uma Matriz de Consequências, para tratamento dos ofensores no gerenciamento de riscos;

4) Revisite as regras (leis, normas, regulamentos, etc.) periodicamente, mudanças no ambiente podem deixá-las defasadas, e facilite seu entendimento e aplicação em todos os níveis;

5) Auditoria e fiscalização devem ser implementados e levados a sério, contando com investimentos, recursos e níveis de reporte adequados;

6) Implemente um canal de denúncias, alguns aspectos podem não ser detectados nas fiscalizações, expandir esta atividade para identificar irregularidades é de extrema importância;

7) Responda rápida e efetivamente quando da identificação da necessidade em se tomar ações corretivas;

8) Puna de forma exemplar, tempestiva e justa, mesmo as "pequenas" infrações. Todas as ações de combate à impunidade na transgressão de regras têm grande valor (demissões, prisões, multas, advertências e interdições por exemplo);

9) Reconheça o mérito das ações de forma pública, pessoas motivadas em agir dentro do que é certo influenciam positivamente todo o ambiente.

*ALESSANDRO GRATÃO MARQUES é sócio na ICTS Protiviti, consultoria
global especializada em Gestão de Riscos, Auditoria Interna, Compliance, Gestão da Ética, Prevenção à Fraude e Gestão da Segurança.

SOBRE A PROTIVITI (www.protiviti.com)
A Protiviti é uma empresa global de consultoria que ajuda empresas a resolverem problemas em finanças, tecnologia, operações, governança, risco e auditoria interna. A companhia presta serviços para mais de 60% das empresas da Fortune 1000® e 35% da Fortune Global 500®.

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