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Eleições 2018: ‘Quando mencionou Ursal, quase caí do sofá’, diz socióloga que criou o termo

Eleições 2018: ‘Quando mencionou Ursal, quase caí do sofá’, diz socióloga que criou o termo

14/08/2018 às 09h54 Atualizada em 14/08/2018 às 12h54
Por: Ricardo de Freitas
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Professora aposentada e socióloga, Maria Lucia Victor Barbosa a responsável por criar o termo fictício Ursal - Poder 360
Professora aposentada e socióloga, Maria Lucia Victor Barbosa a responsável por criar o termo fictício Ursal - Poder 360
A professora aposentada e socióloga Maria Lucia Victor Barbosa foi a responsável por criar o termo “Ursal”, citado pelo candidato a presidente Cabo Daciolo (Patriotas) na última 5ª feira (9.ago.2018), no debate presidencial da TV Band. O candidato usou o termo para falar sobre o que seria a tentativa  de implantação de uma “nova ordem mundial” por comunistas. “Quando o Cabo Daciolo mencionou a Ursal, eu quase caí do sofá. Porque ele tá achando que é de verdade, ou ele se empolgou muito com a ‘União da América Latina’. Isso não existe, não. É totalmente utópico. Mas aí o termo ficou rodando por aí e virou uma verdade que não existe”, disse a socióloga ao Poder360. A descoberta da citação fictícia por Maria Lucia em 1 artigo foi feita pela Folha de S. Paulo. O jornal verificou que o texto é a referência mais antiga do termo na internet. Segundo Maria Lúcia, o termo surgiu em 2001 em meio a 1 artigo chamado “Os Companheiros” (eis o artigo), que se referia à uma viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Cuba. “Então ele [Lula] conversava com Fidel Castro, eles estavam unidos ali criando o tal Foro de São Paulo, que na verdade seria uma associação de grupos da chamada esquerda: movimentos sociais e partidos”, disse a socióloga. Segundo Maria Lúcia, a expressão foi 1 tipo de ironia. “Eu fiz 1 tipo de pergunta, mas com 1 pouco de ironia, e perguntei: Será que eles querem criar a Ursal? A União das Republiquetas Socialistas da América Latina? Pensei que não ia acontecer nada, né? Porque tava claro de que era uma invenção. Era uma pergunta”, afirmou. A socióloga disse que há anos o termo se disseminou como uma conspiração dos comunistas. Quando é questionada, ela afirma que é uma invenção. “A partir daí, muitas vezes me escreviam e diziam que era de verdade. E eu dizia: não, isso não existe, pelo amor de Deus, eu fiz uma ironia. E não adiantou e aí virou uma teoria conspiratória”, afirmou. No debate, Cabo Daciolo acusou o também candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) de ser 1 dos fundadores do Foro de São Paulo. Assista ao momento. A professora conta ainda que se divertiu ao ver que Ciro Gomes não sabia nada sobre o termo. “Como o Ciro ia saber o que era isso, se não existe? Como ia saber o que era?”, disse. Maria Lucia ainda disse agradecer ao Cabo Daciolo por ter levado o termo à repercussão nacional e a levado, mesmo que de forma indireta, a mostrar a verdade às pessoas. “Eu tenho que agradecer ao Cabo. O senhor me permitiu cancelar o passaporte para a Ursal”, disse, sem perder o tom de como costuma escrever. A socióloga afirma ainda que a repercussão nas redes sociais foi 1 outro impulsionamento para ela aparecer com a verdade. Segundo ela, as redes sociais são hoje o 5º poder. “Me disseram que as redes parecem o hospício: e eu disse, mas ela tem força, é o 5º poder… Tem os 3 poderes, Executivo, Legislativo, Judiciário. O 4º poder, que é a mídia. E eu acho que agora que existe o 5º poder”, afirmou.

VERDADE CONTADA

A professora disse que se surpreendeu pelo fato de o termo Ursal ter tido credibilidade quando o filósofo Olavo de Carvalho falou sobre o termo em 1 artigo, em 2006. Segundo ela, o seu artigo foi publicado no site do próprio filósofo. “Como ele tem o poder midiático muito grande, então, a partir disso, as pessoas deram credibilidade maior ainda. Eu só não entendo como, se [meu artigo] saiu no site dele. Se ele tivesse lido, ele não ia por esse negócio todo”, disse.

MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA

Maria Lucia Victor Barbosa é professora universitária formada em Sociologia e Administração Pública e tem especialização em Ciência Política pela Universidade de Brasília. Possui experiência em planejamento e execução de programas sociais para populações de baixa renda. A socióloga é autora de “O voto da pobreza e a pobreza do voto – A ética da malandragem” (Jorge Zahar, 1988), “América Latina – Em busca do paraíso perdido” (Saraiva, 1995), “Fragmentos de uma época” (UEL, 1998), “Contos da meia-noite” (UEL, 1999) e “A colheita da vida” (UEL, 2000). Atualmente, Maria Lucia se dedica à análise das redes sociais e se diverte ao escrever artigos políticos. “As palavras voam, mas a escrita permanece”, disse. SABRINA FREIRE com Poder360
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