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Empreendedor: Como as finanças comportamentais podem ajudar o seu negócio

Empreendedor: Como as finanças comportamentais podem ajudar o seu negócio

12/12/2019 às 14h57 Atualizada em 12/12/2019 às 17h57
Por: Vanessa Marques
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Todo empreendedor precisa ter em mente uma divisão muito clara do dinheiro do seu negócio: o faturamento não pode ser confundido com a conta corrente. Pagar as despesas pessoais direto do caixa da empresa é um dos erros mais comuns, que ajuda a abreviar a vida de todo empreendimento.

“O problema de um empreendedor usar a mesma conta bancária para fins pessoais e profissionais está no altíssimo risco de perda de controle, além de uma maior complexidade de organização, o que pode levar à tomada de decisões erradas no negócio”, afirma Daniel Miranda, gerente-geral da Azulis.

Nos últimos anos, muitos estudiosos têm buscado entender como as emoções se sobressaem sobre as decisões racionais no comportamento financeiro das pessoas. Para isso, buscou-se referências na psicologia, no marketing, nas finanças e na economia para medir suas influências e consequências.

Basicamente, as finanças comportamentais são afetadas por dois tipos de vieses: o cognitivo (ou raciocínio falho) e o emocional. “Grande parte dos erros cognitivos e emocionais abordados nas finanças comportamentais fazem com que as pessoas tomem piores decisões de investimento”, diz Samuel Torres, analista da Capital Research, uma casa independente de investimentos. “Esse viés comportamental que acontece no mundo dos investimentos pode impactar, também, os empreendedores.”

Investidores e empreendedores têm mais semelhanças do que se pode imaginar. De acordo com Jonas Chen, gestor da Onze Investimentos, existem características comuns no dia a dia, como a capacidade de tomar decisão, o conhecimento técnico da área de atuação, a análise de risco e retorno envolvendo o seu ativo (produto ou investimento) entre outros. “Uma das semelhanças entre empreendedores e profissionais do mercado financeiro é a de que ambos são investidores, porém atuam em mercados distintos”, afirma o especialista da Onze. “Enquanto o empreendedor lida com a economia real, estando à frente das principais decisões referentes à empresa, o investidor analisa as possibilidades de investimento focando na obtenção do lucro.”

Para entender como esses dois mundos conversam, reunimos 6 comportamentos estão interligados a empreendedores e investidores. E, o mais importante, como evitar cada um dos problemas:

Viés de confirmação: quando se busca apenas informações que confirmam a visão sobre um fato. Esse comportamento ignora tudo o que é contrário. É o investidor que tem uma crença e procura respostas que satisfaçam esse olhar. Para o empreendedor, é observado, muitas vezes, um apelo sentimental, que está ligado ao seu histórico no negócio. Dessa maneira, ele não consegue observar o outro lado da moeda com medo de comprometer esse apelo, ignorando dados negativos e os potenciais riscos;

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Como evitar: Seja realmente cabeça aberta e procure feedbacks de pessoas não relacionadas ao que se busca, para ter uma visão contrária àquela que você tinha no início.

Auditoria

Viés de representatividade: quando novas informações são baseadas apenas em experiências passadas, sem considerar as transformações presentes e futuras. Nos investimentos, é quando os investidores tomam suas decisões olhando o sucesso passado. É como ignorar o crescimento do uso do cartão de crédito ou de débito e só aceitar dinheiro no seu negócio. Para os empreendedores, isso se repete com produtos que aproveitaram uma onda. O caso das paleterias mexicanas é um bom exemplo. Tomar a decisão de investir nesse negócio baseado em características que não se aplicam mais ao segmento é um convite à perda financeira;

Como evitar: manter-se atualizado em relação ao mercado e a possíveis inovações que podem impactar o negócio, sempre tomando decisões baseadas nas expectativas quanto ao futuro. Avaliar se o que aconteceu no passado ainda é representativo e ficar muito atento ao que seus consumidores demonstram procurar ou querer consumir - no fim do dia, a demanda ajuda você a entender o que é tendência.

Ilusão de controle: quando uma pessoa acredita que pode controlar ou influenciar os resultados. Tem relação com o viés emocional de excesso de confiança. Isso pode fazer com que o empreendedor tome um risco acima de sua capacidade. Por exemplo, colocar todo o seu dinheiro pessoal no negócio;

Como evitar: reconhecer que, por mais experiência e conhecimento que se tenha, há diversos fatores fora do controle do empreendedor que podem fazer com que o negócio não siga pelo caminho planejado. Assim, deve-se buscar o máximo possível de informações para que as decisões sejam baseadas em critérios objetivos.

Aversão à perda: a tendência de se desfazer de investimentos vencedores mais cedo e manter “investimentos perdedores” na carteira. A explicação é que os investidores sentem mais as perdas do que os ganhos, ou seja, enquanto não se vende o ativo a perda não correu de fato. Com os empreendedores acontece do mesmo jeito: vender bons negócios antes da hora e continuar investindo em negócios ruins, pois não se admite que não deu certo.

Como evitar: deve-se tomar decisões baseadas em critérios objetivos, sendo realista em suas premissas e projeções. Se o negócio está indo mal, é preciso fazer uma avaliação real das possibilidades de fazê-lo voltar ao azul. Caso negativo, deve-se tomar a decisão de fechar o negócio e estancar as perdas, antes que elas se acumulem

Excesso de confiança: quando a pessoa superestima suas habilidades e conhecimentos. Leva a excesso de otimismo (expectativa de retornos mais altos) e de tomada de risco (crença de uma menor probabilidade de o negócio dar errado). Vale tanto para investidores como empreendedores

Como evitar: a solução é bastante similar ao caso da “Ilusão de Controle”. Deve-se reconhecer que, por mais experiência e conhecimento que se tenha, há diversos fatores fora do controle do empreendedor que podem fazer com que o negócio não dê certo. Avaliar se os resultados são de fato consequência das atitudes tomadas auxilia na redução do excesso de confiança. Muitas vezes um negócio vai bem simplesmente em decorrência de um momento favorável de mercado ou do setor

Aversão ao arrependimento: estudos mostram que as pessoas sentem maior arrependimento quando tomam uma decisão que dá um resultado ruim do que quando deixam de tomar uma decisão que teria tido bons resultados. Isso pode fazer com que o empreendedor fique de fora e um bom negócio ou deixe de fazer investimentos na melhoria e no desenvolvimento do negócio, ficando estagnado em relação ao mercado.

Como evitar: novamente, é necessário analisar constantemente os diversos aspectos de cada negócio e tomar decisões de forma objetiva, por mais difíceis que sejam

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