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Segurança psicológica: O bem-estar emocional da equipe faz toda diferença no desempenho

Segurança psicológica: O bem-estar emocional da equipe faz toda diferença no desempenho

21/12/2020 às 10h18 Atualizada em 21/12/2020 às 13h18
Por: Esther Vasconcelos
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A saúde mental foi, pela primeira vez, mapeada como um fator de risco para a economia global no Fórum Econômico Mundial.

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A projeção de gasto por transtornos emocionais é de até 6 trilhões de dólares até 2030. Não é à toa que empresas — como a Ambev, que criou a diretoria de Saúde Mental — estão buscando formas de oferecer apoio psicológico.

É possível observar esta tendência também na Região Metropolitana de Campinas (RMC), de acordo com Sabrina Amaral, psicóloga da Epopéia Desenvolvimento Humano: “Algumas empresas locais da RMC estão trazendo o tema da saúde mental para o dia a dia.

É o caso da Magnetti Marelli, que fez uma semana voltada para a saúde mental na SIPAT (Semana Interna de Prevenção a Acidentes no Trabalho), com treinamentos para a liderança, palestra para os funcionários e lives abertas às famílias, tudo para promover a segurança psicológica e bem-estar emocional. Outro exemplo é a empresa de logística LibraPort”, conta.

Estresse, depressão, ansiedade e exaustão mental são algumas das queixas comuns dos funcionários. E, em consequência do bem-estar comprometido, os resultados da empresa são afetados.

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“Foi-se o tempo em que se acreditava na melhora do desempenho com base na pressão e na cobrança. Grandes empresas como Ambev e Google já entenderam que o fator humano é chave para uma mudança de cultura e garantia de bons resultados.

A maioria das empresas investe milhões em tecnologia, inovação e sistemas, mas se esquece de cuidar do principal órgão que vai garantir o bom funcionamento disso tudo: o cérebro”, explica Sabrina.

Desse cenário, intensificado pelos efeitos da covid-19, a segurança psicológica vem como um tema necessário, porém nem tão recente, como afirma a psicóloga: “Este conceito pode parecer modismo, mas ele foi criado há mais de 20 anos por uma professora na Universidade de Harvard chamada Amy Edmondson.

Ela fala que segurança psicológica não tem a ver com ‘ser legal’, mas sobre dar feedbacks sinceros, admitir erros abertamente sem receio de retaliação, ter espaço para discordar manifestando ideias, um ambiente mais colaborativo e menos competitivo, onde as conversas difíceis não são evitadas e a vulnerabilidade faz parte da rotina de trabalho.”

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Os benefícios dessas ações são muito significativos. “Trabalhar em um ambiente seguro psicologicamente traz mais comprometimento, senso de pertencer, ideias inovadoras e muito aprendizado para todos. É o melhor cenário tanto para a empresa quanto para os funcionários”, complementa Sabrina.

E as empresas de pequeno porte?

Segundo Sabrina Amaral, empresas de qualquer tamanho podem implementar medidas, em maior ou menor grau.

“O erro das pequenas empresas é pensar que precisa de grandes ações e de investimentos significativos para ter resultados, quando na verdade são as ações mais simples que fazem a diferença.

Exemplos: preparar a liderança para lidar com as demandas de saúde emocional das equipes, trazer a pauta da saúde mental para comunicados e reuniões a fim de quebrar o tabu, desenvolver pequenas palestras que falem sobre saúde mental nas SIPAT’s, criar um repositório de conteúdo com guias, infográficos e vídeos curtos que falem sobre autoconhecimento e saúde emocional, entre outras”, detalha a psicoterapeuta.

Pensando nisso, a psicoterapeuta Sabrina Amaral separou 5 passos para líderes de pessoas proporcionarem um ambiente de trabalho que preze pela saúde mental da equipe.

1) Se informe

O funcionário que sofre de ansiedade geralmente é rotulado de preguiçoso, incapaz ou incompetente; quando na verdade está doente.

Estamos passando por uma mudança de cultura e a melhor forma de combater o preconceito é a informação, por isso, esteja aberto para ajudar e orientar as pessoas tendo zero tolerância para chacotas, comentários inadequados e preconceitos com pessoas em situação de vulnerabilidade emocional.

2) Assuma o compromisso

Isso significa estar genuinamente engajado com a questão da saúde emocional, você pode fazer isso de maneira simples, como por exemplo, mandando um e-mail para a equipe dizendo que está disponível para falar sobre o tema, se necessário.

Nas suas reuniões individuais traga o assunto de maneira natural e provoque conversas informais nas reuniões de grupo. Quanto mais recorrente for o assunto, mais fácil será falar sobre ele sem estigmas.

3) Esteja atento aos sinais

Mudanças repentinas de performance, atrasos, distorções de fala, mudanças bruscas de humor são indicadores que algo não está bem.

Tenha uma escuta ativa (significa ouvir sem ficar preocupado com o que vai responder), pratique a comunicação empática deixando os julgamentos de lado e acolhendo o interlocutor.

Nestes casos jamais tente fazer qualquer tipo de intervenção, procure ajuda de profissionais disponibilizados ou indicados pela empresa para abordar essas questões.

4) Promova a Segurança Psicológica

Há espaço para discordar, desafiar o status quo, expor opiniões, abordar o erro sem buscar culpados, focando no aprendizado.

É seguro para os membros da equipe pedirem ajuda, engajarem conversas difíceis, dar e receber feedback de forma informal e frequente. Desta forma, é possível estabelecer um clima de confiança e de pertencimento.

5) Comece por você

Em se tratando de doenças emocionais, o líder tem duas opções: ajudar com os casos ou ser um dos casos.

Uma pesquisa realizada pela Epopéia Desenvolvimento Humano, com 150 líderes da RMC mostrou que 62% deles sentem-se exaustos e sobrecarregados e 64% querem ter mais equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Nestas horas é fundamental liderar pelo exemplo, portanto, comece praticando a segurança psicológica consigo mesmo.

A dica é parar de se punir por seus erros, não replicar comportamentos hostis, oferecer feedback e mostrar-se aberto a ele. Nas horas de descanso desconecte-se dos e-mails e celular da empresa, evite responder e enviar mensagens fora do expediente de trabalho.

Praticar e oferecer uma política de flexibilidade no trabalho permite que os colaboradores gerenciem todos os aspectos das suas vidas; facilitando o equilíbrio das duas situações.

Em tempos de incerteza como os que estamos vivendo é muito natural que seus liderados se sintam inseguros em relação ao futuro, o que só faz aumentar os sintomas de ansiedade.

Mais do que nunca, é importante promover um clima de confiança na equipe envolvendo as pessoas nas tomadas de decisão sempre que possível, ou ainda, pedindo opiniões sobre temas que podem ser compartilhados.

Por fim, para elevar o nível de autoconfiança e empoderamento da equipe, você líder, deve estimular as pessoas a pensarem ao invés de dar respostas prontas aos problemas; por mais que você saiba qual é o caminho a seguir.

Deixá-los ter as ideias sozinhos, estimulando soluções através de perguntas que geram insights, traz empoderamento e um nível superior de compromisso para executar as atividades.

Afinal, o melhor gestor de pessoas é aquele que consegue os resultados através do seu time, liderando pelo exemplo e inspirando seus funcionários.

Outras dicas podem ser encontradas no Guia de Saúde Mental e retorno ao trabalho, disponível aqui.

Por Sabrina Amaral é psicoterapeuta, psicóloga e hipnoterapeuta Omni, practitioner em PNL e coach da mente.

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