Previdência Social Trabalho
Trabalho de parteiras é reconhecido pelo Sistema Único de Saúde-SUS
Trabalho de parteiras é reconhecido pelo Sistema Único de Saúde-SUS
20/01/2023 16h12 Atualizada há 1 ano
Por: Gabriel Dau

Em comunidades quilombolas, indígenas, ribeirinhas e localidades isoladas, onde, muitas vezes, o acesso aos serviços públicos é limitado, os profissionais de saúde contam com um importante reforço para o cuidado da mulher e da criança: as parteiras tradicionais. Lembradas neste dia 20, por ocasião da data de comemoração nacional, a atuação dessas mulheres fortalece a rede de autocuidado comunitário, que auxilia na redução da mortalidade. Um conhecimento tradicional que, atualmente, ganha novos contornos com o estímulo ao parto humanizado.

Continua após a publicidade

Muito antes da universalização do serviço pelo Sistema Único de Saúde, em 1988, as parteiras percorriam o interior do país ajudando mães e bebês. Um trabalho reconhecido e valorizado pelo Ministério da Saúde que, ao longo das décadas, buscou a acolhida e a colaboração de quem tem por ofício a promoção da saúde.

Leia mais: Ministério da Saúde e OPAS firmam parceria internacional para fortalecer o SUS

Rede Cegonha

Em 2011, com o lançamento Rede Cegonha, do governo federal, a Pasta incluiu o trabalho das parteiras tradicionais como elemento de saúde comunitária. Isso porque, o cuidado integral da mulher precisa considerar a vivência e o estímulo aos vínculos de segurança. Laços que, muitas vezes, são construídos com parteiras que, além do atendimento de porta em porta, buscando gestantes, também atuam em comunidades, como explica a presidente da Federação das Parteiras Tradicionais do Maranhão, Marina Santos Nascimento, 83 anos.

Continua após a publicidade

Parteira há 64, ela diz que parou de contar em quantos nascimentos ajudou quando chegou ao bebê de número mil. Moradora de São Luís, ela explica que o trabalho precede o parto e é feito em visitas regulares às gestantes, acompanhamento no pré-natal e com longas conversas de orientação sobre saúde e cuidado com o bebê que está a caminho. “Se a mãe quiser ir no hospital, levamos, assim como se surgir qualquer problema. Se não, fazemos o parto em casa mesmo. Trabalhamos com ribeirinhas, quilombolas, quebradeiras de coco. É uma responsabilidade muito séria, porque estamos sempre lidando com duas vidas”, diz.

Atualmente, a federação do Maranhão conta com cerca de cinco mil parteiras. Em reuniões, Marina promove cursos e treinamentos. Ela mesma conta que participou de formações ministradas pela secretaria de saúde do estado e, inclusive, de uma capacitação em Brasília feita pelo governo federal, em 2016. “O que a secretaria padroniza, eu sigo. Aqui é muito organizado”, garante Marina.

Ao longo de anos de serviço, ela não tem planos de se aposentar e justifica: “a primeira vez que vi um parto, tomei um susto grande, mas quando o rosto do bebê apareceu, eu vi que era a coisa mais linda. A minha maior felicidade é quando uma criança nasce nas minhas mãos. Eu sempre penso que é mais um brasileiro eu ajudei a nascer”, orgulha-se.

Continua após a publicidade

Leia mais: Consulta Pública avalia incluir medicamento para tratar lúpus no SUS

Reconhecimento

Para fomentar a qualificação das parteiras, além de cursos e formações para essas colaboradoras da saúde, foi lançado, em 2012, o "Livro da parteira tradicional", com informações didáticas sobre gestação, saúde da mulher e do bebê, além do transcurso do parto e em que momentos é necessário buscar o suporte médico hospitalar. O Ministério da Saúde reconhece essa atuação que percebe o caráter familiar e íntimo do nascimento, nas diferentes regiões brasileiras.

Recentemente, a nova gestão da Pasta, comandada pela Ministra Nísia Trindade, reinstituiu a Rede Cegonha, estratégia reconhecida internacionalmente por garantir atendimento de qualidade, seguro e humanizado para todas as mulheres no SUS. Com ele, os governos municipal, estadual e federal devem respeitar as necessidades de todas as mulheres, inclusive, daquelas que são assistidas pelas parteiras.

Fonte: Ministério da Saúde