19/10/2016 às 19h42Atualizada em 19/10/2016 às 21h42
Por: Ricardo de Freitas
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Com 58 anos, completados em 29 de setembro, o economista, radialista, evangélico da Assembleia de Deus e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cosentino da Cunha, teve sua trajetória política marcada por altos e baixos, desde o governo do então presidente Fernando Collor de Mello, quando comandou a Telerj, a empresa de telecomunicações do estado do Rio de Janeiro, até sua cassação pela Câmara e prisão nesta quinta-feira pela Polícia Federal, por decisão do juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava-Jato.
1991 É nomeado pelo presidente Fernando Collor para comandar a Telerj, época em que conhece a jornalista Cláudia Cruz, com quem se casa. Ele se autodenomina o responsável pela implantação da telefonia celular no Brasil. 1992 O Tribunal de Contas da União (TCU) constata irregularidades na Telerj, cuja comissão de licitação havia sido vinculada ao gabinete de Cunha. 1993 É exonerado da Telerj após a descoberta de um esquema de corrupção na estatal vinculado ao ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor, Paulo César Farias, que culminou no impeachment do ex-presidente. Ele negava fazer parte do esquema. 1998 Inicia sua carreira política ao se candidatar a uma cadeira para a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro pelo Partido Progressista Brasileiro (PPB), mas fica apenas com a suplência. 2001 Assume uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio. 2002 Se elege pela primeira vez para a Câmara dos Deputados. 2006 Se candidata à reeleição pelo PMDB. 2013 É eleito líder do PMDB na Câmara graças ao seu poder de adiar e acelerar votações na Casa, o que lhe garantiu apoios e votos. O Supremo Tribunal Federal (STF) abre ação penal contra o parlamentar, acusado de usar documentos falsos para tentar arquivar uma investigação contra ele no Tribunal de Contas no Rio. É absolvido no ano seguinte. 2015
1º fevereiro
- Apesar de o PMDB fazer parte da base aliada do governo Dilma Rousseff (PT), Cunha é eleito presidente da Câmara dos Deputados com 267 votos, contra a vontade da presidente que pretendia eleger o petista Arlindo Chinaglia (SP). - A derrota do Planalto agrava a crise política, intensificada pela investida de Cunha para acelerar a votação da reforma política e evitar a proibição da doação de empresas para campanhas, uma bandeira do PT. - À época, o poder de Cunha era tanto, que aliados afirmavam que 180 dos 513 deputados federais – quase um terço da C
3 de março
Procuradoria-Geral da República (PGR) pede que STF abra inquérito contra Cunha e outros 27 políticos por terem se beneficiado de recursos desviados da Petrobras no esquema investigado pela Operação Lava-Jato. O presidente da Câmara alega que o governo petista queria um “sócio na lama”.
12 de março
Se oferece para prestar depoimento à CPI da Petrobras e nega ter contas no exterior, mesmo sem ter sido questionado sobre elas.
25 de maio
Integrantes de movimentos sociais pró-impeachment são recebidos por Cunha.
16 de julho
Um dos delatores da Lava-Jato, o lobista Júlio Camargo diz, em depoimento à força-tarefa, que foi pressionado por Cunha a pagar US$ 10 milhões em propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras fosse viabilizado. Do total, US$ 5 milhões seriam destinados a peemedebista.
20 de agosto
PGR denuncia Cunha por lavagem de dinheiro e corrupção por receber propina dos contratos da Petrobrasâmara – dançavam conforme a música que Cunha toca.
20 de setembro
Autoridades da Suíça enviam ao Ministério Público Federal (MPF) documentos sobre quatro contas bancárias secretas mantidas por Cunha naquele país.
13 de outubro
Os partidos de oposição PSOL e Rede entram com representação no Conselho de Ética e para pedir a cassação de Cunha.
3 de novembro
É aberto processo no Conselho de Ética contra Cunha, acusado de mentir na CPI da Petrobras sobre contas na Suíça.
Dezembro
- O PT define que não apoiaria Cunha no Conselho de Ética. Seu ato imediato é aceitar um dos pedidos de impeachment. A presidente Dilma Rousseff acusa o peemedebista de agir por “vingança”, o que ele nega. - O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pede o afastamento do parlamentar. É aprovado no Conselho de Ética parecer favorável à continuidade das investigações contra Cunha para saber se ele mentiu ou não na CPI da Petrobras. 2016
Março
- O PMDB rompe publicamente com Dilma. Cunha torna-se o primeiro réu da Lava-Jato no STF, acusado de exigir e receber ao menos US$ 5 milhões em propina de um contrato do estaleiro Samsung Heavy Industries com a Petrobras. - Em nova votação, o Conselho de Ética dá continuidade ao processo. - O procurador-geral Rodrigo Janot o denuncia no caso das contas secretas na Suíça.
Abril
- O nome de Cunha aparece no escândalo do Panama Papers, que revelou os donos de offshores abertas pela companhia Mossack Fonseca em paraísos fiscais. O Banco Central conclui que as contas na Suíça pertencem ao parlamentar. - Câmara aprova abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Maio
Em votação unânime, STF determina o afastamento de Cunha da presidência da Câmara e do cargo de deputado, conforme parecer do relator, ministro Teori Zavascki
Junho
- Cunha é novamente denunciado ao STF, em dois casos, por bancar viagens da família no exterior com propina obtida no contrato da Petrobras para exploração de petróleo no Benin, por ter mantido o dinheiro em contas não declaradas na Suíça e ainda por suspeita de receber propina de obras do Porto Maravilha, no Rio. - Relator do Conselho de Ética da Câmara, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO) apresenta parecer contra Cunha. - Texto é aprovado por 11 a 9, o relatório de cassação de Cunha, que segue para o plenário.
Julho
- Eduardo Cunha renuncia à presidência da Câmara e o ex-dirigente da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Lava-Jato, afirma que ele ficava com 80% da propina em suposto esquema para a liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS da Caixa.
Setembro
- Cunha é cassado por quebra de decoro parlamentar por 450 votos a favor e 10 contra, por ter mentido em depoimento à CPI da Petrobras. Foi o mais longo processo de cassação da história da Câmara.
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