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Bitcoins, Blockchain e Smart Contracts: por que a área financeira precisa saber isso?

Bitcoins, Blockchain e Smart Contracts: por que a área financeira precisa saber isso?

03/10/2017 às 07h23 Atualizada em 03/10/2017 às 10h23
Por: Ricardo de Freitas
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Foto: Reprodução
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Você já esteve envolvido em discussões sobre planilhas Excel x sistema de gestão financeira e orçamentária? Provavelmente sim, e se esse foi o caso sempre tem aquela velha resposta “depende para o que você precisa”. Isso porque para algumas situações o Excel supre a necessidade, mas para outras é preciso automatizar a rotina financeira e melhorar o controle orçamentário. Uma coisa é certa: em 100% dos casos empresas em crescimento precisam pensar em uma solução diferente das usuais planilhas. Inclusive, muitas vezes rotinas precisam ser mudadas e novas ferramentas têm que ser implementadas (é o preço do progresso). Ao falar em novas ferramentas também lembramos de novas tecnologias, especialmente aquelas do mundo virtual. Nesse sentido, muito tem sido dito e estudado sobre a mudança de relacionamento entre empresa e consumidor, bem como sobre as tecnologias que estão ganhando forças. Dentre elas, citamos os Bitcoins, aquelas famosas moedas virtuais. Temos ainda os Contratos lnteligentes (os Smart Contracts) e, por trás disso tudo, o Blockchain. Por isso, o artigo da vez tem tudo a ver com as três tecnologias que você, como profissional de controladoria, não pode deixar de conhecer: Blockchain, Bitcoins e Smart Contracts (vamos te explicar o por quê).

O que são bitcoins?

Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar de Bitcoins, que nada mais são do que moedas eletrônicas, também chamadas de criptomoedas ou moedas da Internet. Eles foram criados em 2009 por Satoshi Nakamoto, um desenvolvedor de software. Seu objetivo era o de fazer surgir um sistema de pagamento eletrônico baseado em provas matemáticas. Uma forma de dinheiro público, Bitcoins são usados para compras no ambiente eletrônico. Pense o seguinte: Estados Unidos têm o Dólar, Reino Unido utiliza a Libra, nós temos o Real e a Internet possui o Bitcoin (aproveitando a deixa: controllers possuem o orçamento empresarial). A grande diferença é que ao invés de ter um papel impresso ou uma moeda em mãos, bitcoins são comercializados digitalmente. A principal característica do bitcoin é a sua descentralização (aliás, isso é algo que o difere do dinheiro convencional). Em outras palavras, a rede bitcoin não é controlada por nenhuma instituição ou autoridade central. Além disso, Bitcoins possuem outras características:
  • São fáceis de configurar;
  • Operações anônimas e transparentes;
  • São transferíveis eletronicamente;
  • São transferíveis quase que instantaneamente;
  • Possuem baixas taxas de transação.

Como funcionam os Bitcoins?

Bitcoins funcionam de maneira simples, sem necessidade de bancos terem que mover ou armazenar o dinheiro. Primeiro, é preciso que a empresa tenha uma carteira virtual (a qual pode ser criada gratuitamente em diversos sites) e solicite um endereço. Ao possuir as moedas virtuais, sua empresa as troca de uma carteira para outra. Pense em uma carteira como um pequeno banco de dados armazenado no computador da área financeira, no smartphone, tablet ou na nuvem.  É como se sua empresa enviasse ou recebesse um e-mail contendo dinheiro. Para que você entenda melhor, Bitcoins funcionam da seguinte maneira: Bitcoins mineração
  • A empresa deve fazer um cadastro e ganhar uma identidade, também chamada de endereço. Para realizar transações com outra empresa/cliente é necessário ter o endereço dessa empresa/cliente.
  • Bitcoins podem ser adquiridos trocando real em casas de câmbio, aceitando-os na venda de produtos/serviços e por meio da mineração de moedas: para uma transação com Bitcoins ser válida, deve ser publicada em uma página chamada de blockchain, ou cadeia de blocos. Atenção para esse conceito: Minerar moedas significa emprestar a capacidade de processamento do computador para que a infraestrutura mantenha-se funcionando. Como “recompensa” o proprietário da máquina ganha uma fração de bitcoins.
  • A criação de uma moeda depende da resolução de um desafio matemático (chamado de mineração, por isso do termo “minerar moeda”). Portanto, a bonificação em bitcoins ocorre como uma daquelas olimpíadas de matemática: ganha quem resolver um problema (no caso, problema de criptografia) primeiro.
Ok, e a pergunta é: quanto vale um bitcoin? Assim como qualquer moeda, a virtual também é instável e segue as mesmas leis de mercado, ou seja, quanto maior a procura, maior a cotação. Alguns sites para verificar o valor do Bitcoin no Brasil: Para mais informações sobre como começar a usar Bitcoins, recomendamos esta página.

A pergunta que não quer calar: Bitcoins são seguros?

Já que as criptomoedas não são fiscalizadas por nenhuma entidade (como o Banco Central) e já que o Bitcoin não é impresso, você pode se perguntar: mas dá para confiar nisso? Lembra que falamos que essas moedas da Internet são criptografadas e baseiam-se em matemática? Pois bem, é isso que garante a segurança de todo o processo, pois as operações de Bitcoins são ligadas a uma chave numérica, segura e única. As transações financeiras só são confirmadas e validadas com o uso da chave criptografada. Com relação às falsificações, o dinheiro tem algo como uma impressão digital e, por isso, sua geração não pode ser falsificada e as operações não podem ser corrompidas.

Por que profissionais da área financeira devem saber sobre Bitcoins?

Em primeiro lugar, se bitcoin é uma moeda financeira, nada mais natural do que quem trabalhe com finanças e controladoria saber sobre as criptomoedas. A primeira coisa que os profissionais devem se atentar, é que Bitcoins oferecem o nível de transparência que a área financeira precisa, já que saldos e transações podem ser facilmente verificados. Além disso, Bitcoins possuem características de multi-assinaturas e, portanto, as moedas só podem ser gastas se um grupo de pessoas autorizarem a transação. Isso pode ser utilizado, por exemplo, pelo Conselho Administrativo para prevenir que gastos sejam feitos sem o consentimento de outros membros. Aliás, essa responsabilidade pode também ficar com profissionais da área de planejamento e controladoria, já que eles detém informações valiosíssimas sobre o orçamento empresarial e balanço patrimonial. Ainda, a compra e venda de Bitcoins pode ser uma excelente ferramenta de alavancagem financeira(lembrando que alavancagem é a estratégia de utilizar vários instrumentos financeiros ou capital de terceiros para aumentar o retorno potencial de um investimento). A Alavancagem Financeira refere-se ao montante da dívida na estrutura de capital da empresa para que sejam comprados mais ativos (Bitcoins, por exemplo). Falando em investimentos, temos que lembrar dos indicadores utilizados por controllers para analisar a viabilidade de projetos de investimentos (como investimentos na compra de Bitcoins, já que podem ser uma maneira de alavancagem financeira). Para facilitar sua vida, temos tudo reunido em um e-book que você pode acessar clicando na imagem abaixo: Além de alavancagem financeira, Bitcoins podem ser vistos como uma grande oportunidade para fazer o dinheiro entrar em caixa, resultando em Capital de Giro para seu negócio. Isso porque são moedas mais rápidas e o recebimento do valor é praticamente instantâneo (sem contar que não existem as taxas de boletos bancários). Podemos também relacionar Bitcoins com Governança Corporativa, que possui como princípios:
  • Transparência;
  • Equidade;
  • Prestação de contas e
  • Responsabilidade corporativa.
Sobre o assunto, no artigo em que abordamos a Lei Sarbanes-Oxley falamos que a SOx visa aprimorar a governança corporativa e a prestação de contas (como informações sobre receitasdespesasbalanço patrimonial e total de ativos e passivos). Assim como o objetivo da SOx é o de identificar, combater e prevenir fraudes que impactam no desempenho financeiro das organizações, operações de Bitcoins, por serem transparentes e terem a característica de multi-assinatura, garantem o compliance que a Lei Sarbanes-Oxley menciona. Mas para entendermos melhor sobre benefícios do Bitcoin para a área financeira, precisamos falar de Blockchain.

O que são Blockchains?

Sabe aquela receita de bolo com um ingrediente especial? Aqui, no nosso caso, podemos dizer que Blockchain é o principal ingrediente do Bitcoin, pois é ele que registra todas as transações processadas. Para você compreender como o Blockchain funciona, pense no Planejamento Estratégico. Por ser uma ferramenta que direciona a empresa para um mesmo objetivo, você vai concordar que todos os colaboradores devem ter as mesmas informações no que diz respeito a esse planejamento, certo? Então, agora, imagine que cada funcionário possuísse um Plano Estratégico impresso em um papel especial (um papel mágico). Suponha que precise ser tomada uma decisão para mudança do planejamento estratégico (controllers podem e devem fazer isso sempre que necessário). Primeiro, claro, essa mudança precisa ser validada. Em seguida, ou seja, depois que ocorre a validação, o que acontece com todos os planos impressos? Aí é que entra o poder do papel mágico: ao mínimo sinal de alteração na estratégia da empresa todos os planos impressos mudam automaticamente. E tem mais! O plano antigo não é apagado. Pelo contrário: a informação anterior permanece e uma nova é acrescentada, pois o papel mágico entende que é importantíssimo manter todo o registro. É mais ou menos assim que funcionam os Blockchains. A tradução literal de Blockchain é “cadeia de blocos”. No caso dos Blockchains, o X da questão é que quando os blocos são processados não podem ser apagados ou alterados, e novos registros só podem ser feitos após um processo de validação. É o mesmo processo que explicamos no exemplo do planejamento estratégico. Para evitar que ocorram fraudes, o Blockchain possui um protocolo criptografado, o qual é validado por meio da resolução de um problema matemático (como falamos no item sobre Bitcoins). Tudo isso aqui é muito técnico, mas para você entender o processo, é importante compreender que cada transferência de Bitcoin é registrada em uma cadeia de blocos (no Blockchain). A cada nova transação validada, surge um novo registro que, por sua vez, é inserido em novos blocos. Consegue ver melhor a relação de Bitcoin com os princípios de Governança Corporativa? Bom, mas além de Bitcoins, o Blockchain tem sido muito usado para o que chamamos de Smart Contracts(contratos inteligentes).

O que são Smart Contracts?

Smart Contracts são contratos digitais escritos em códigos em linguagem de programação e executados em um computador. As regras de negócio e suas consequências são definidas nos próprios códigos. Assim, o Smart Contract é capaz de obter informações e processá-las de acordo com regras configuradas. O principal objetivo dos Smart Contracts é permitir que pessoas e empresas façam negócios via Internet, com desconhecidos, sem a necessidade de um intermediário. E assim como Bitcoins são importantes nessa nossa era digital, o mesmo acontece com os contratos inteligentes, já que ele acrescenta o fator confiança ao comprar e vender um produto ou serviço para algum desconhecido. Quer um exemplo?
  • Um cliente faz uma compra no meio virtual;
  • Você, como empresa, espera que o cliente faça o pagamento;
  • O cliente confia que com a confirmação do pagamento terá o produto (ou que estará liberado para utilizá-lo);
  • Você, como empresa, confia que o cliente não irá estornar o crédito de pagamento.
Consegue perceber que esse é um processo que exige total confiança de ambas as partes? Os Smart Contracts resolvem o problema da falta de confiança sem que para isso precisem ter intermediários no processo (como uma empresa bancária que efetuará a cobrança). Para a organização, isso reduz custos dos negócios e aumenta a margem de lucro do produto, já que elimina gastos como o do boleto bancário, por exemplo. Comparando o funcionamento de um contrato convencional com o Smart Contract, temos que:
  • No contrato convencional: empresa X deve pagar R$ 170,00 todos os meses para a empresa Y.
  • No Smart Contract: todo mês, o contrato inteligente irá transferir R$ 170,00 da conta bancária de X para Y.
Assim, outro benefício que conseguimos elencar é o fim da inadimplência. E qual profissional de finanças não sonha com o fim de clientes inadimplentes? Aliás, já que tocamos na ferida, vamos aproveitar e dar a dica de um remédio para ajudá-lo a não ser pego de surpresa pela inadimplência. Trata-se do fluxo de caixa e neste artigo falamos sobre isso.

Smart Contracts ou Contratos Inteligentes na esfera financeira

Há uma série de possíveis usos para os quais os contratos inteligentes podem ser utilizados no contexto das finanças. Falamos em “possíveis” porque entendemos que toda essa tecnologia ainda não é implantada em acordos mais complexos e elaborados. Pensando no presente, Smart Contracts podem ser utilizados para tarefas padronizadas e relativamente simples, como fluxos de pagamento diretos. Imagine um contrato de financiamento comercial, da maneira a que estamos acostumados, ou seja, pense em um contrato convencional. Sob um acordo básico de financiamento comercial, o banco de uma empresa importadora fornecerá uma carta de crédito em benefício do exportador. Com isso, o exportador terá a garantia de pagamento. A dependência de evidências documentais pode levar a fraudes e ineficiências, como o financiamento duplicado. Ao utilizar um Smart Contract, o processo de financiamento pode ser simplificado por meio de um código que o executa automaticamente. Por exemplo, os produtos podem ser digitalizados após a chegada ao destino, o que enviará automaticamente um sinal ao Smart Contract para, após o recebimento dessa confirmação, autorizar automaticamente a liberação de fundos para o exportador. Além disso, contratos físicos podem gerar atrasos, ineficiências e aumentar a exposição a erros e fraudes. A ideia é que Smart Contracts sejam uma opção muito mais segura para empresas.

Concluindo (por que Bitcoins, Blockchain e Smart Contracts interessam a você?)

Bitcoins, Blockchains e Smart Contracts podem ser tecnologias ainda distantes da sua realidade, mas não podemos ignorá-las. Claro que muita coisa precisa ser vista, estudada e analisada, especialmente no que diz respeito a como cada empresa pode utilizar essas novas formas de relacionamento financeiro com o cliente e ter toda a infraestrutura de proteção necessária. O importante é que o assunto seja discutido e que controller e CFO analisem a implantação de Bitcoins ou Smart Contracts de acordo com a situação da empresa e o momento do mercado. Pesar prós e contras, analisar a viabilidade financeira, estimar despesas e ROI é fundamental para que a tecnologia represente um ganho para sua empresa (e não um custo). Ressaltamos ainda que as novas tecnologias abrem fronteiras e essa pode ser uma excelente oportunidade para empresas negociarem com organizações do globo, já que os Bitcoins facilitam todo o trâmite financeiro e os Smart Contracts, o trâmite legal. Como você pode ver, é muita coisa a se pensar para um futuro que acreditamos estar muito próximo de nós. Por isso, a dica é começar a pensar em um plano de ação para implementação de Bitcoins e Smart Contracts (como Gestão de Riscos, claro). Esperamos que este artigo tenha sido útil a você. Deixe um comentário contando o que achou e conte-nos sua opinião sobre o tema. Caso tenha mais informações com relação a Bitcoins, Blockchain e Smart Contract, fique à vontade também para compartilhar este post com seus colegas. Via Treasy
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