Bolsonaro se defende após receber criticas por pedido de impeachment de Moraes

Jair Bolsonaro (sem partido) vem sofrendo criticas de todos os lados após pedir o impeachment do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes. Ele diz que tudo que fez está "dentro das quatro linhas da Constituição".

Neste sábado (21), Bolsonaro foi até a cidade de Eldorado, interior de São Paulo, para visitar sua mãe, que vive na cidade. O presidente disse numa entrevista ao SBT, que sua mãe, dona Olinda, está com 94 anos e não o reconhece mais.

Acompanhado de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro, o deputado federal, Eduardo Bolsonaro e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, fez uma viagem no tempo para lembrar de sua infância naquela cidade.

Ao deixar a cidade, Bolsonaro não quis falar muito sobre a tensão que está acontecendo entre ele e o STF.
"Engraçado, quando eu entro com uma ação no Senado, fundado no artigo 52 da Constituição, o mundo cai na minha cabeça. Quando uma pessoa em um inquérito no fim do mundo me bota lá ninguém fala nada. Não é revanche. Cada um tem que saber o seu lugar, a forma de viver em paz e harmonia, se cada um respeitar o próximo e souber que tem um limite, o limite é a nossa Constituição", disse o mandatário.

Jair Bolsonaro chegou no interior de São Paulo, na sexta-feira, caminhou pelo centro de Eldorado, sem máscara, gerando aglomerações, sem se importar com as medidas sanitárias recomendadas por especialistas para o combate de Covid-19.

A Reação do STF

Na noite desta sexta-feira (20), o Supremo Tribunal Federal divulgou uma nota oficial em repúdio o pedido de impeachment feito pelo presidente Bolsonaro contra o ministro Moraes.

A nota oficial não foi assinada, pois, ela está em nome do tribunal, afirmando que a corte tem total confiança no ministro Alexandre de Moraes.

"O Supremo Tribunal Federal, neste momento em que as instituições brasileiras buscam meios para manter a higidez da democracia, repudia o ato do Excelentíssimo Senhor Presidente da República, de oferecer denúncia contra um de seus integrantes por conta de decisões em inquérito chancelado pelo Plenário da Corte".

"O Estado Democrático de Direito não tolera que um magistrado seja acusado por suas decisões, visto que devem ser questionadas nas vias recursais próprias, obedecido o devido processo legal", diz a nota.

O pedido de Bolsonaro ao Senado aconteceu no mesmo dia que a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços do cantor Sérgio Reis e do deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), aliados do presidente.

Bolsonaro vem reclamando do fato de Alexandre de Moraes ter acolhido a notícia-crime do TSE e ter decidido investigá-lo por suposto vazamento de dados sigilosos de inquérito da Polícia Federal sobre invasão hacker à corte eleitoral em 2018.

O relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Renan Calheiros (MDB-AL), disse que o presidente cometeu um ato de "desvario".

"O ataque é a gota d'água para os democratas. Não há diálogo com quem só ambiciona o confronto. Obviamente o pedido não prosperará e tem meu voto antecipado: não", afirmou. O senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), ao criticar o Bolsonaro disse que ele deveria "procurar o que fazer".

"Cuide dos problemas reais do país e não fique arranjando mais problemas do que o nosso povo já tem!", disse o vice-presidente da CPI.