O ciclo virtuoso paraguaio foi iniciado após as reformas impulsionadas pelo presidente colorado Nicanor Duarte em 2003 depois que o país entrou em calote parcial. Os impostos foram reduzidos e criou-se um fundo para infraestrutura com os dividendos das usinas de Itaipu e Yacyretá. A economia explodiu, mas o investimento não veio no mesmo ritmo. Assim como ocorreu no Brasil no boom da soja, as estradas estreitas complicam o escoamento da produção. Com o aumento do fluxo de veículos de carga e de passageiros, o governo paraguaio proibiu os chamados caminhões bitrem. Também cresceu o número de apagões nas cidades e no campo. Embora o governo do colorado Horacio Cartes tenha iniciado um plano de reformas, elas ainda não tiveram seus resultados. Seu candidato presidencial, Mario Abdo Benítez, defende a continuidade do projeto e não promete grandes mudanças. Já o opositor Efraín Alegre põe ênfase na recuperação da energia para alimentar a indústria paraguaia, em vez de vendê-la a Brasil e Argentina. Em seu escritório em Assunção, o consultor Andrés Bogarín exibe os produtos criados por brasileiros que produzem no Paraguai. Ele, porém, afirma que é um processo de dois anos para partir para a criação das empresas. Para Bogarín, o tempo é necessário para desmistificar alguns mitos. "O brasileiro padrão chega aqui e acha que é Disneylândia, mas aqui é o Paraguai." Um deles é o uso de métodos ilegais. "O país está tendo cada vez mais formalização, cada vez mais controles. Se você é conhecido no ambiente comercial como um picareta, você vai se queimar." PRESIDENCIÁVEL Em sua segunda corrida presidencial no Paraguai, o ex-deputado liberal Efraín Alegre coloca a mudança na tarifa de energia como seu principal diferencial para tentar vencer o colorado Mario Abdo Benítez, candidato do presidente Horacio Cartes. À reportagem nesta quinta-feira (19), último dia de campanha no país, o opositor disse que a intenção é reforçar a infraestrutura para ter maior poder de barganha com Brasil e Argentina em relação às produções das usinas hidrelétricas de Itaipu e Yacyretá. "Temos de ser capazes de usar nossa energia, porque se não concordamos com os dois, trazemos a energia e usamos nós", disse. Apesar do tom bélico em relação aos vizinhos maiores, ele defende a cooperação como a única forma de combater o tráfico de drogas, o contrabando e o crime organizado na fronteira. Alegre também critica o atual presidente, dono da maior indústria de tabaco paraguaia. "Em relação ao tráfico de drogas e ao contrabando de cigarros, é preciso vontade política, um presidente que não esteja comprometido com essas questões e esses negócios." Segundo ele, é precio investir e redesenhar as forças de segurança. "Nossas Forças Armadas não têm capacidade operacional. E precisamos chegar a acordos com o Brasil e a Argentina para controlar a fronteira e para dividir o investimento para a segurança que precisamos todos nós." Via Folhapress