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Mulheres que planejam empreender ainda se deparam com obstáculos

Mulheres que planejam empreender ainda se deparam com obstáculos

05/12/2020 às 15h34 Atualizada em 05/12/2020 às 18h34
Por: Jorge Roberto Wrigt
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Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/ Agência Brasil

Para escapar do desemprego, que atingiu o maior nível da história no terceiro trimestre deste ano, muitas brasileiras decidem apostar no empreendedorismo. Porém, enfrentam diversos obstáculos, que, em sua maioria, têm origem cultural.

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De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa recorde de desemprego foi de 14,6%, sendo a maior registrada desde 2012. Apesar de o dado ser expressivo por si só, verifica-se através dele uma diferença importante, que diz respeito ao gênero de trabalhadores. Enquanto entre os homens o índice foi de 12,8%, sobe para 16,8%, entre mulheres.

Apesar do desejo de tocar o próprio negócio, as mulheres ainda sentem constrangimento ao solicitar empréstimo aos bancos, como revela a pesquisa O Impacto da Pandemia do Coronavírus nos Pequenos Negócios, elaborada pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV).

Na avaliação de Marisa Cesar, CEO do Grupo Mulheres do Brasil, que promove diversas ações de incentivo ao protagonismo feminino, as mulheres são ensinadas a duvidar de seu potencial, o que resulta em uma falta de confiança que não é tão percebida em homens, já que eles são estimulados a confiar em suas habilidades e projetos. "Muitas vezes, essa mulher [que pretende abrir um negócio] vai deixar de pedir um valor maior, para não passar vergonha de, de repente, o score dela não ser de acordo com o valor que ela está contando como crédito. Ela prefere pedir valor menor, para não passar vergonha, como se fosse ficar um carimbo nela. Isso é interessante, porque o homem, ele pede o que tiver que pedir e, se não der, paciência. É toda uma questão de como somos educadas, por conta do machismo", diz a CEO.

Para Marisa Cesar, as mulheres que buscam empreender apresentam demandas distintas, que variam de acordo com seu perfil. Ela explica que é comum que algumas delas necessitem de capacitação e orientação para saber como fazer o marketing de seu produto ou serviço e que devem separar as finanças pessoais do dinheiro que destinam ao negócio.

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Por outro lado, pontua Marisa, mulheres com uma condição socioeconômica melhor também encontram percalços pelo caminho, devido ao machismo, embora disponham de mais recursos. "A gente já assistiu a muitas cenas em que ocorre um divórcio e o marido acaba pegando o negócio dela e levando embora com ele", relata. 

Marisa afirma ainda que as mulheres negras têm "o dobro ou o triplo" de receio ao seguir em sua jornada, em virtude da opressão que vai além do machismo e passa também por uma segunda, a do racismo. Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) confirma que a taxa de desocupação dessa parcela, em específico, superou a de qualquer outro grupo populacional, no primeiro e segundo trimestres deste ano, chegando a 17,3% e 18,2%, respectivamente. O enfoque do estudo consiste na desigualdade entre brancos e negros durante a pandemia de covid-19.

S/A

De forma geral, as empreendedoras também têm tido mais dificuldade para se recuperar, o que pode ser relacionado ao comportamento normalmente assumido diante das instituições de crédito. Em outubro, 77% das empreendedoras ainda registravam perda de faturamento, contra 73% dos homens ouvidos pela pesquisa. Seis meses antes, em abril, a porcentagem era de 89% em ambos os grupos.

Apesar disso, evitaram repassar os prejuízos aos funcionários, como sugere estudo assinado pelo Sebrae e o Banco Mundial, divulgado em meados de novembro. Elas também demonstraram mais disposição para adotar protocolos sanitários recomendados e para aderir a políticas públicas de mitigação de impactos da crise. A pesquisa compreendeu 1.677 micro e pequenas empresas do estado de São Paulo.

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"Elas demitiram na mesma quantidade dos homens, mesmo tendo impacto maior no faturamento. Isso nos traz olhares de que o estilo de gestão talvez seja um pouco diferente e de começar a colocar que elas são mais resilientes e até mais cuidadosas com o outro", diz a coordenadora de pesquisas do Sebrae-SP, Carolina Fabris, que pontua também que as mulheres acabam gastando mais tempo com afazeres domésticos do que homens, o que pode afetar o desempenho do negócio do qual estão à frente.

Fonte Agência Brasil - Por Letycia Bond 

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