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A quarentena modificou a forma como os brasileiros se comportam no trânsito?

A quarentena modificou a forma como os brasileiros se comportam no trânsito?

10/09/2020 às 10h17 Atualizada em 10/09/2020 às 13h17
Por: Esther Vasconcelos
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As cenas de praias lotadas em todo Brasil e de aglomeração em bares sem o uso de máscaras durante a pandemia ganharam destaque na imprensa e causaram perplexidade neste feriado de 7 de Setembro.

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Mas o descuido com a própria saúde e a disposição em arriscar a vida foram vistos também nas rodovias do país: a cada 14 abordagens feita pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) durante o feriado, houve 1 flagrante de pessoa sem cinto de segurança ou de motociclista sem capacete.

O fato é que a quarentena modificou a forma como os brasileiros vivem, se relacionam, trabalham e até mesmo se comportam no trânsito.

Os veículos passaram a ser cada vez mais utilizados, já que se tornaram um meio de segurança epidemiológica, em detrimento do transporte coletivo, e isso teve consequências no comportamento do motorista brasileiro, com a exacerbação do perfil agressivo e individualista.

O brasileiro passou a entender o trânsito como um espaço individualizado, e não mais coletivo.

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Isso se reflete em várias situações do dia a dia, como as agressões, a intolerância e o crescente desrespeito à lei.

O eu e o meu se sobrepõem ao nosso e ao coletivo, guiado por uma orientação ideológica daqueles que foram eleitos para manterem controles rigorosos e fiscalizatórios sobre todos nós.

O que vemos no trânsito é uma clara sinalização da falsa falta de necessidade de obediência às leis, à cultura, história, ciência e de todos os principais pilares que conduziram a nossa sociedade até aqui. Sim, os brasileiros estão mais intolerantes, agressivos e imprudentes no trânsito.

Segundo balanço divulgado pela PRF, mais de 3646 motoristas foram flagrados sem cinto de segurança e outros 1072 não estavam usando capacete.

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Estamos falando de regras de trânsito já conhecidas e que se incorporaram há muito aos hábitos de segurança no trânsito. A desobediência a essas normas pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

Também chama atenção o número de motoristas alcoolizados flagrados pela polícia: 704. Há 12 anos a Lei Seca foi implantada e, desde então, entidades médicas e governo fazem campanhas sobre a combinação perigosa e criminosa de álcool e direção. Não faltam informações, mas sobra desrespeito.

Outras infrações que revelam o desprezo do brasileiro pela segurança viária foram 5.728 ultrapassagens indevidas e as 531 crianças transportadas sem os dispositivos de retenção (cadeirinha).

Se com regras e normas rígidas já temos um desfile de imprudência nas estradas e rodovias do Brasil , o cenário que desponta no horizonte com a flexibilização do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não é nada promissor.

Durante os dias da Operação Independência, as estradas federais registraram 933 acidentes, que resultaram em 1.103 feridos e 97 mortos.

Os índices são altos e justificam o Brasil ser o quarto país com o trânsito mais violento do mundo.

A flexibilização das regras e o desprezo pela vida certamente farão crescer o número de vítimas do trânsito.

Por isso, mais do que nunca, é imprescindível lutar para que as leis que tornem o trânsito mais seguro sejam mantidas e aprimoradas.

Um exemplo é o PL 98/2015, que prevê a avaliação periódica da saúde mental de todos aqueles que se propõem a conduzir veículos.

O ato de dirigir vem exigindo dos cidadãos uma complexidade de sentimentos e de formações que estão sendo deixados de lado com as mudanças recentes na nossa sociedade.

Por isso é urgente que cuidemos também da saúde mental dos condutores, o que vai ao encontro do modelo biopsicossocial de saúde, para que não tenhamos cada vez mais mortes e casos de invalidez no trânsito.

Precisamos interromper a violência no trânsito que vem vitimando todos os dias cada vez mais jovens.

Onde faltam leis e regras, as pessoas pagam com a vida e a saúde. A desburocratização e a economia de recursos não podem ser usadas como desculpas para afrouxar normas que salvam vidas. Não há como estipular um valor para a vida humana.

Por Dr. Alysson Coimbra, médico especialista em trânsito

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