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Reflexões éticas em tempos de pandemia

Reflexões éticas em tempos de pandemia

21/05/2020 às 18h16 Atualizada em 21/05/2020 às 21h16
Por: Leonardo Grandchamp
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Atualmente, vivemos num cenário de turbulências e preocupações com os impactos sociais e econômicos atuais que virão em decorrência da pandemia do vírus Covid-19. Com tudo isso, a questão que nos assombra é: sobreviveremos? Com certeza! Mas, também, não há dúvidas de que, após estes acontecimentos, as coisas não serão como antes. Retomaremos numa nova realidade, um ‘novo normal’.

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Enquanto este momento não chega, devemos nos questionar, como indivíduos, organizações e governo: será que estamos fazendo a coisa certa e agindo de forma ética? Entenda por certo como agir de boa-fé, visando o bem comum, a continuidade e a prosperidade da sociedade de forma harmônica e justa, respeitando os direitos individuais. E como as nossas ações e omissões serão descritas e julgadas pela história? Para responder essas questões, é essencial considerar tanto a coerência como a visão sistêmica, e sempre questionar se a nossa forma de pensar e agir é ética.

Por exemplo, testemunhamos as discriminações contra os chineses por conta do Covid-19, e muitas pessoas apoiaram. Este comportamento é eticamente justificável? Já testemunhamos na história perseguições e segregações por motivos raciais e religiosos e a busca por culpados, atitudes que pouco colaboraram para um mundo mais justo e para a resolução do real problema. Sem contar a injustiça das generalizações. E, ironicamente, muitos dos que atacam dependem de produtos, insumos ou serviços chineses, e não enxergam isto.

Num outro panorama, estamos nos lamentando pela falta de uma vacina, remédios ou meios efetivos de prevenção ao vírus, sofrendo com o isolamento. Mas, no caso de outras doenças, que possuem meios efetivos de proteção, não os utilizamos como deveríamos. Então, o que está faltando? A força destruidora das fake news mostra que não é uma mera questão de educação e informação tradicionais. Que tipo de formação precisamos para que as pessoas tenham pensamento crítico e saibam ser céticas e combatam os seus vieses? Para que as pessoas tenham empatia e pensem coletivamente e de forma ética?

ética

Em tempos de crise, a ética das pessoas, organizações e instituições se revelam. E temos uma fartura de maus exemplos, como quando a pessoa tosse próximo de outra que esteja usando máscara ou não mantém distância segura numa fila. Ou quando compra o estoque de itens de primeira necessidade, como álcool em gel ou botijão de gás e passa a revender por preços abusivos ou para estoque excessivo. Há passividade e indiferença diante da fome, desproteção ou desespero do outro. E o que dizer dos atos de hostilidade contra profissionais da saúde e de serviços essenciais nos transportes públicos e em suas residências? Exemplos de individualismo e falta de ética.

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São muitos pontos de interrogação, pois, para a população, são muitos questionamentos que estão sem respostas. Antes de retomar a este novo normal, devemos repensar a educação e formação no Brasil. Afinal, como exigir um comportamento, que não seja individualista e movido pelo medo do cidadão quando ele não tem acesso ou entendimento das informações? Parte das ações que hoje testemunhamos pode ser explicada pelo baixo nível de instrução, porque não é óbvio para a população em geral entender o que é um inimigo invisível como o vírus, ou qual o significado de termos como disseminação e portador assintomático.

E precisamos ir além. Temos que incluir as matérias de cidadania e ética na grade curricular das escolas. E mais, fomentar uma cultura de coletividade, de confiança e de valorização das medidas de prevenção. Como colocar estes desejos em prática? Alguns exemplos: nas organizações, por meio de um plano de gestão de riscos e de crises; na nação como um todo, fomentando a pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas; e, como cidadão, adotando novos hábitos, como o uso de máscaras diante de quaisquer sintomas de gripe, como já é feito no Japão há muito tempo. É chegada a hora de aprendermos e evoluirmos para sairmos melhores desta crise, rumo a um ‘novo normal’. Afinal, o sinal de alerta já foi dado, não há tempo a perder. Vamos juntos?

Por Jefferson Kiyohara, professor em ética e compliance da FIA Business School e diretor de compliance na ICTS Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, única empresa de consultoria reconhecida como Empresa Pró-Ética por quatro anos consecutivos.

A ICTS Protiviti é uma empresa brasileira que combina o alcance global e o conhecimento e inovação em gestão de riscos, compliance, auditoria, investigação e proteção de dados da Protiviti, com a segurança, eficiência e independência da plataforma tecnológica de serviços especializados da ICTS Outsourcing (canal de denúncias, diligência de terceiros, monitoramento de fraudes e de comportamentos antiéticos, e treinamentos on-line).

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